terça-feira, 25 de agosto de 2015

João de Santo Cristo

                Uma das músicas brasileiras mais conhecidas de todas as gerações é a “Faroeste caboclo” do grupo Legião Urbana. Cultuada pela juventude na década de 80 e passada de geração a geração. Não há quem sequer não tenha ouvido ao menos falar sobre tal música. Até filme foi originado pela música. Algo que fugia totalmente dos costumes de sucessos musicais aconteceu: muita longa, nada de refrão e apenas uma história contada; ainda assim arrebatou todas as idades. Ainda hoje há os que conseguem cantá-la sem erros.
                São aproximadamente um pouco mais de 9 longos minutos de uma história recheada de fortes emoções. Um homem que, desde menino buscou vencer a vida que sempre se opunha a ele. Um homem que não apenas fugiu de seu “destino”, ele fez seu “destino”. Envolvido com tráfico, com um amor inesperado. No fim, uma morte. Sua vida se foi e tudo o que ficou de lição ao fim da história é que todas suas tentativas foram frustradas. No fim uma morte trágica veio lhe buscar e mostrar de que todos os seus anos vividos de malícia, de tentativas cada vez mais sujas de vencer na vida, de pagar o preço necessário para se alcançar os sonhos e objetivos, de nada lhe deram resultado. João de Santo Cristo não conseguiu jamais ter o que queria ter, uma vida de verdade.
                Mas esta história não é nova. Renato Russo não teve uma genialidade inovadora. Simplesmente houve um arremedo de uma história contada á mais de dois mil anos atrás. Jesus foi quem contou a verdadeira história (leia Lucas 15:11-24). Nela, Jesus conta sobre um filho de um pai muito rico que após um período decide que sua vida não era boa. Então decide cobrar sua herança e ir para a cidade grande, enriquecido, ser feliz. Depois de muito se esbaldar em tudo o que a vida poderia lhe dar o jovem acaba ficando sem dinheiro, sem amigos, sem ninguém. Então vai trabalhar cuidando de porcos. Depois de um tempo o jovem finalmente percebe o quanto errou e decide voltar. Na volta, seu pai lhe recebe com todo amor e lhe faz uma festa.
                Uma história. Dois caminhos. No relato de Jesus não se diz o que o jovem fez com todo seu dinheiro para perdê-lo, mas é fácil saber o que aconteceu. Ele não investiu em trabalho. Preferiu acreditar de que noites de farra seriam intermináveis. Ele não procurou usar o seu dinheiro para criar uma família e ter uma base firme, acreditou que era melhor ter muitas mulheres do que uma. Largou sua família para se entregar á amigos, que logo se mostraram ser amigos de seu dinheiro. É evidente que assim como a história da música o jovem da parábola de Jesus também não mediu esforços para conquistar e viver aquilo que ele dava como certo e que lhe traria felicidade. A diferença - o principal – está em como as histórias se encerram. Se João de Santo Cristo morreu infeliz por lutar tanto e não conquistar seus sonhos, o filho pródigo voltou a viver feliz com seu pai por entender que dinheiro e as paixões do mundo no fim de tudo, no fim da vida, são como vento, nada os segura.
                Muitos de nós hoje vivemos tal história. A decisão se terminaremos sendo chamados de João de Santo Cristo ou filho pródigo só dependerá do que escolhermos. Muitos de nós temos sonhos, sempre sonhos de alcançar riquezas, fama e poder, e para isso não medimos esforços para conquistar, ainda que seja necessário agirmos na prática do pecado, ainda que tenhamos de matar, roubar, mentir e nos esquecer de Deus, assim faremos. Muitos de nós pegamos a herança que temos direito, a vida, e fazemos com ela o que bem entendemos. Nos olhamos nus nos espelhos de motéis. Nos embebedamos na busca de um sorriso mais gostoso. Conhecemos novas drogas. Matamos, roubamos e mentimos. Traímos sem dor de consciência. Incentivamos e também praticamos a prostituição, as orgias, o sexo liberalista, o homossexualismo e vivemos na certeza de que “tudo é lícito entre quatro paredes”. Praticamos o que for necessário para a conquista profissional ou financeira, desde um “teste do sofá” até um “puxar de tapete”. Mal enxergamos que basta apenas um vento para derrubar nosso castelo de cartas. Nossa vida fica sempre por um fio. Deus para nós não está no céu, no Seu alto e sublime trono, Ele se encontra facilmente na lista telefônica para resolver qualquer um de nossos problemas. E assim vivemos, achando que somos Highlander, prontos a viver a eternidade, quando somos simples borboletas, com alguns poucos dias de vida.
                E assim é nossa vida. Não há meio termo, ou vivemos a história do filho pródigo ou vivemos a história de João de Santo Cristo. Crer que há uma opção C é crer em elefante que voa. Reflita sobre sua vida hoje, em qual história você se encaixa? Lembre-se de que o pai do filho pródigo jamais o buscou, mas também jamais o deserdou. Deus é assim. Ele já te deu a sua herança, lhe deu a vida, lhe deu Cristo. Enquanto há fôlego de vida, há possibilidade de abraçar á Deus e dizer “Pai, pequei contra o céu e diante de Ti.”; Recorde-se que em nosso arrependimento Deus não perde Seu tempo apontando o dedo para nossos erros, Ele abre Seus braços para nos abraçar com amor. Não seja uma música, seja uma história bíblica.

“porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.”
Lucas 15:24




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