“Ora, a fé é a certeza de coisas que se
esperam, a convicção de fatos que não se vêem.” (Hebreus 11:1). Perto da fé
perdoar é fácil e amar ao próximo é moleza. Talvez uma das situações mais
complicadas para o ser humano esteja em ter fé. Crer que o que não se vê,
existe. Não só crer, ter absoluta certeza. Isso explica um pouco da nossa
vocação para descrer que Deus é Deus, ou até que Deus existe. Acreditar que um
grande vale em que se vive um dia se transformará no ponto da vitória é mesmo
difícil para nós. Sim, porque vivemos na certeza daquilo que vemos e que
sentimos.
Mas
a fé é simplesmente desbaratinar todas nossas convicções e certezas. A fé é como
entrar num corredor escuro e a única luz estar acima de si mesmo, e ainda assim
caminhar firme, em frente, crendo de que há uma porta de saída. Fé é não retroceder.
Fé é não se fadigar. Fé é manter o foco, ainda que o foco não esteja a nossa
vista.
Sentir-se
derrotado, humilhado, sem chance de ganhar aquela causa, tudo isso são
sentimentos que nos inundam com muita facilidade. Desacreditar é fácil demais,
basta que algo saia do roteiro. Como crer que teremos um dia de sol na praia,
se o caminho só nos mostra nuvens negras? Como crer no emprego se a cada
entrevista não recebemos o retorno? Como crer num casamento se nem mesmo há um
compromisso, um namoro, e todos(as) que olhamos e nos interessa nem liga pra
nós? Como acreditar que num processo judicial nossa causa sairá vitoriosa se do
outro lado há alguém mais poderoso? Como crer que seremos curados de uma doença
se já ouvimos relatos de tantas pessoas falecidas pela mesma doença? Como crer
que um morto ressuscita? Será que nossa fé não está exatamente assim,
precisando ressuscitar?!
Um
dia um homem caminhou três dias levando consigo um jumento, dois servos e seu
filho amado. No fim dos três dias ele chegou ao monte e então subiu somente com
seu filho. Seu propósito? Entregar em sacrifício seu único filho á Deus como
havia sido pedido. A fé deste homem era tão grande que quando questionado pelo
próprio filho sobre onde estava o cordeiro para o sacrifício sua resposta foi: “Deus proverá para Si, meu filho, o cordeiro
para o holocausto;”. Com tudo pronto deitou seu filho no altar, ergueu seu
cutelo (faca) e então fixou seus olhos no filho. Não há relatos claros de como
foi este momento, mas imagine por um instante você, já velho, tendo apenas 1
filho, alguém que você ama de uma forma absurda, um filho que nunca lhe foi
rebelde, que sempre lhe amou, sempre lhe respeitou, sangue de seu sangue, então
você olha nos seus olhos e por uma fração de segundos todos os momentos vividos
com ele lhe passam na mente na velocidade da luz. Você então logo descobre que
em poucos segundos aqueles olhos se fecharão para nunca mais abrir. O cutelo
está em sua mão. Seu filho confia tanto em você que não luta, apenas cai uma
lágrima. O cutelo está em sua mão. Que fé é essa que te move a levantar a mão,
firmar o cutelo e programar exatamente em que ponto vai acertar para matar com
mais rapidez?! Abraão não ganhou mesmo o nome de pai da fé a toa. Quando sua
mão preparava-se para descer com toda rapidez e agilidade Deus interviu (leia
Gênesis 22:1-19). Isaque foi salvo. Abraão não ganhou apenas seu filho de
volta, ganhou aquilo que Deus havia lhe prometido: “Far-te-ei fecundo extraordinariamente, de ti farei nações, e reis
procederão de ti.” (Gênesis 17:6).
Muitas
vezes Deus só requer uma coisa de nós. Nosso Isaque! Mas ele não quer que
verdadeiramente entreguemos nossos sonhos e projetos, Ele espera apenas que
demonstremos que com sonhos ou sem sonhos, Deus é Deus. Muitas vezes Deus
apenas espera que ao invés de chorarmos pelas causas, oremos á Ele. Deus não
quer nosso Isaque de volta, mas apenas que através de nosso Isaque mostremos á
Ele nossa fé Nele.
“e disse: Ah! Senhor, Deus de nossos
pais, porventura, não és Tu Deus nos céus? Não és Tu que dominas sobre todos os
reinos e povos? Na Tua mão, está a força e o poder, e não há quem Te possa
resistir.”
2 Crônicas 20:6
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