“Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e
especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente.”
(1 Timóteo 5:8). Por um bom tempo tentei entender esta declaração de Paulo. Rasamente,
ao lermos o capítulo 5, e até mesmo os anteriores, nos parece que Paulo teve um
pequeno descompasso em seus pensamentos, pois ele vem trazendo outros
ensinamentos e no capítulo em si está totalmente inserido sobre o trato com as
viúvas. Então, em um único versículo no fala sobre a família.
Mas
a verdade se revela por si só àqueles que a buscam. Glória a Deus! Vivemos o
tempo do amor. Sim, amamos a tudo, menos o que de fato deveríamos amar. É fácil
percebermos como hoje nossos melhores amigos são os que não dormem no mesmo
lar. É fácil demais descobrir como conseguimos sorrir mais para um amigo do que
para aqueles que nos viram crescer, ou que nós vimos crescer. É muito simples
descobrir de que conversamos e entregamos nossos segredos mais aqueles que só
caminham conosco em festas. É mais fácil do que respirar para descobrirmos de
que buscamos mais dinheiro, riquezas, lipoaspiração, malhação e bens do que o
bom convívio em nossa família. Sim, vivemos o tempo onde nosso amor está para
coisas e para pessoas que não possuem o mesmo DNA que o nosso.
E
assim, tornamos nossos maridos, nossas esposas, nossos filhos, nossos pais e
irmãos em verdadeiros órfãos e viúvas! É a geração órfã e viúva do que ainda
está vivo. É a geração de maridos e esposas que amam o telhado. Amam os de fora
mais do que os de dentro. Por isto, fica fácil demais desvendar o porque velórios
já não são mais tão carregados de prantos, tristeza e dor, pois a morte já
aconteceu a muito tempo.
Claro,
devemos sim amar com intensidade, como a nós mesmos, cada qual que vive
conosco, seja da forma que for. Devemos sim amar até mesmo aqueles que não
conhecemos, aqueles que nos querem mal. Mas isto não deve causar em nós o
desprezo e o desamor aos que sentam no mesmo sofá.
Basta
pensarmos. Quantas vezes fomos com nossos amigos á um passeio num shopping, num
cinema nos últimos 6 meses? E quantas vezes fizemos isto com alguém de nossa
casa? Quantas vezes sorrimos ou dissemos o quanto um amigo nos é importante nos
últimos meses? E em nossa casa, fizemos o mesmo? Quantas vezes ajudamos nossos
amigos sem nenhuma reclamação? E com os nossos entes de sangue?
É
quase que imperceptível, mas estamos provocando um congelamento, um afastamento
histórico em nosso lar. Até mesmo àqueles que fazem do evangelho sua vida. Até
mesmo nesta hora se negam em sua própria fé. Dispõem seu tempo e sua fé em
alcançar pessoas, pregam a palavra, levam o amor de Deus, mas aos seus de
sangue, preferem se manter distante, não lutam pela sua própria casa. “...Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.”
(Josué 24:15). Esta é uma das últimas palavras registradas de Josué. Um homem
que temeu ao Senhor. Lutou bravamente por um povo, levou consigo uma nação inteira
aos pés de Deus, mas jamais deixou sua casa sem o seu amor.
Que
hoje possamos sim amar a todos nossos amigos, nossos colegas e nossos inimigos.
Que nossas orações sejam direcionadas a todos eles. Que possamos sim levar aos
desconhecidos o amor de DEUS, mas que jamais deixemos que o telhado tenha mais
beleza que a própria casa. Que nosso maior amor esteja sempre aos nossos
maridos, esposas, filhos, pais, mães e irmãos. Que nos dediquemos á eles. Que nosso
amor aos de fora seja apenas uma expansão ao amor que temos aos de casa.
“...Em ti nos regozijaremos e nos
alegraremos; do teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho; não é sem razão
que te amam.”
Cântico dos Cânticos 1:4
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